Dependência de liberdade.

Após o texto anterior sobre movimentação e liberdade, conversei com um amigo (não praticante) e tivemos uma conversa sobre esse ponto. Tive diversas conclusões e pensamentos novos sobre esse conceito que, vez ou outra, ouvimos no Parkour.


“E o que me motiva? OK, me mover é algo natural que não precisa de razão pra acontecer. E aí? Só? E a motivação pra treinar minha movimentação? Pra sair de casa no intuito de treinar como eu me movimento? A resposta, agora(valeu!) é simples: minha busca por liberdade.”

Uma conclusão bastante bonita. Mas não é o que realmente acontece. Todos nós quando treinamos pensamos em liberdade. Temos aquela sensação de sermos livres, de podermos correr pelados, saltar, escalar e essa variedade de opções que temos e conseguimos após nos “livrarmos” dos conceitos antigos de movimentação. Mas o que temos é realmente liberdade? Somos realmente livres?

Independência é algo muito mais real na vida de um praticante. Vamos pensar em laços. Laços que nós amarramos (internos) e laços que nos amarram (externos). Em toda a nossa vida vamos ganhando ou fazendo laços. Seja com um lugar, com uma pessoa, com alguma coisa, blá... Essa sensação de “liberdade” que temos é por desamarrarmos os laços externos. Isso é o começo da independência, não liberdade. Quando nos livramos dos conceitos de movimentação, somos independentes, não livres.

Porém, quanto mais desamarramos os laços externos, e nos aproximamos mais da real independência, mais capazes somos de nos tornarmos livres. E é isso que mais nos enche o ego e encanta nossos pensamentos com as mais bonitas frases sobre sermos livres.

Movimentação livre? Deixo esse assunto pra um próximo post... =*

Objetivo: Liberdade

A algum tempo eu penso sobre isso e depois de uma conversa com o JJ e a saída de um texto do Sapo, eu resolvi tentar escrever a respeito para pôr um pouco das minhas idéias no lugar. Tentar me entender um pouco. Deve sair uma bagunça mas, vamos lá...

Edit: Agora não vai mais sair uma bagunça porque obtive ajuda e tá arrumadinho.

Há três anos eu me pergunto o por quê de eu praticar Parkour. O que me motiva? O que me faz separar um par de meias, jogar a calça na cama, botar o tênis na frente de onde joguei a calça, tomar banho, me vestir, botar os fones no ouvido e simplesmente sair pela porta de casa? O que faz eu me mover? Escrever isso é muito estranho, pois eu não sei a resposta. Eu simplesmente faço. Parece algo bonito de dizer, né!? Mas eu não vejo assim. Sempre fui um cara muito racional, sensato. Sempre gostei de ter tudo explicado na minha cabeça, meus objetivos, motivos e razões. Tudo, praticamente, documentado em algum canto do meu cérebro. Como uma máquina. Mas Parkour? Não... Ele não é assim. É uma real contradição na minha vida. Parkour parece algo tão natural pra mim, que não precisa de motivos, razões, pra simplesmente acontecer. É algo como se, “fazer parkour” fosse objetivar meus movimentos. Uma brincadeira ou uma simples tarefa dentro da capacidade da minha movimentação. Parkour no conceito “ponto A ao ponto B” é uma limitação dos meus movimentos. Um objetivo imposto dentro do meu campo. É algo apenas que eu tenho que cumprir, numa imensidão de possíveis lugares onde eu poderia ir. Parkour é algo do dia a dia. É olhar para frente e saber o caminho. Ser atento e saber o momento certo de se mover, de pular, de agarrar, de correr e... de desistir. Não me olhe desse jeito! Desistir é parte da vida! Saber quando e por que desistir é praticamente um dom. Não acha? Morra.

Voltando ao assunto inicial.. E o que me motiva? OK, me mover é algo natural que não precisa de razão pra acontecer. E aí? Só? E a motivação pra treinar minha movimentação? Pra sair de casa no intuito de treinar como eu me movimento? A resposta, agora(valeu!) é simples: minha busca por liberdade. A busca pela paz que essa liberdade me traz. Se parkour é minha movimentação, meu treino é a busca pela liberdade na minha naturalidade. É conseguir me sentir solto, seguro e livre no espaço ocupado por esse pequeno(mesmo) pedaço de carne.

Parkour é a forma como olhamos em volta para nos movermos em direção a nossa liberdade.
Caraca! Essa vai pro teu post de frases modas impactantes Duddu.

Reclamações com a Tati e o Duddu que me fizeram criar esse blog. =*